Entrevista com o Arquiteto Narciso Martins
Podemos considerar o Arquiteto Narciso Martins, um arquiteto com “A” maiúsculo, pois em sua trajetória profissional teve a oportunidade de trabalhar com o arquiteto Oscar Niemeyer e ao longo do tempo trabalhando em grandes construtoras acabou influenciando um grandes número de arquitetos que hoje fazem sucessos.
Arquiteto que traz em seu currículo de residências simples a Shopping Center, Edifícios Comerciais, Usina de Álcool e até Hospital, continua produzindo com muito amor a profissão, pois afinal a criatividade e o conhecimento não se aposentam.
Em seu discurso aos futuros profissionais, Martins sempre apresenta a arquitetura como um elemento especial e essencial para o homem.
Nesta entrevista, Martins fala um pouco de sua trajetória, de seus projetos e sua mensagens para os profissionais.
01. Qual é sua formação e os caminhos que percorreu na profissão de arquiteto?
Meu caminho foi na ordem inversa. Fui aprovado no vestibular do Mackenzie em 1955, porem, o curso na época era em tempo integral, e, como precisava trabalhar não foi possível cursar a Faculdade, forçando-me a trancar o curso.
Profissionalmente comecei como desenhista na Companhia brasileira de Sinalização SA, sendo promovido à projetista e posteriormente a chefe do departamento técnico. Essa Empresa cuidava de sinalização de ferrovias em todo o Brasil.
Paralelamente trabalhava a noite em escritório próprio elaborando projeto arquitetônico para diversas construtoras.
Em 1961 constitui juntamente com Constantin N Cancas a construtora Cancas, Martins. Engenharia e Construções Ltda, após vencer um concurso de projeto para construção de um Hospital Geral com capacidade para 200 leitos – hoje Hospital Municipal de Diadema.
Em 1994 desfizemos a sociedade e passei a prestar assessoria, planejamento e projetos para algumas construtoras e para clientes particulares, principalmente em projetos de condomínios residenciais. Atualmente estou desenvolvendo um projeto de condomínio para 16 residências em Ferraz de Vasconcelos.Em 1979 retornei aos estudos e conclui o curso, desta vez, na Faculdade de Arquitetura Farias Brito. Em sociedade com o Arquiteto João Carlos Graziosi constituímos a Empresa Martins, Graziosi Arquitetos Associados SC Ltda. Nesta Empresa elaborados diversos projetos e cinemas para a Rede Haway e para a Companhia Paulista de Cinemas, diversos
Shopping Centers para a Jahu Construtora, e inúmeras concessionárias de automoveis das marcas Fiat e GM, inclusive inúmeros edifícios residências e comerciais
02. Dentro de sua visão, podemos dizer que toda a Arquitetura é pública?
Sim, com certeza toda a produção arquitetônica e executada sempre sobre a superfície, portanto, vista, apreciada, criticada, analisada, todos os dias pelos milhares de transeuntes e quando sob a superfície, no caso algumas estações do metrô com muito mais afluência de público.
03. Qual é a relação entre o projeto e obra?
É fundamental e necessária, pois, um projeto arquitetônico bem detalhado em todos os detalhes e coordenado com os projetos complementares contribui e muito com o bom entendimento do mesmo, bem como facilita com a boa execução da obra.
Nesse caso, com certeza, o autor do projeto, após a conclusão da obra vê seu esforço recompensado.
04. Como você vê a formação do profissional no Brasil?
Com muito pessimismo. Primeiramente por falta de formação mínima e necessária dos alunos que ingressam nas faculdades, e que, independente do esforço dos professores, poucos adquirem o conhecimento mínimo para o exercício profissional. Considero muito importante na etapa acadêmica que o aluno consiga estágio em escritórios de alto nível, com arquitetos experientes. Torna-se muito importante que o aluno seja humilde e aprenda ouvir o que os arquitetos tem a dizer e a partir daí tirar suas próprias conclusões.
05. Qual foi o projeto que você se realizou como profissional?
Sem dúvida nenhuma foi o projeto e a obra do Hospital Municipal de Diadema. Na inauguração, fiquei muito emocionado vendo o hospital funcionando plenamente e dentro dos princípios adotados desde a pesquisa inicial, elaboração do projeto arquitetônico e execução da obra e finalmente a montagem dos equipamentos. Valeu a pena todo o esforço despedido.
06. Como você vê o mercado da arquitetura nos próximos anos?
Com muito otimismo. Quando comecei como desenhista, na década de 50 eram raros os escritórios de arquitetura, havendo até a dúvida – você é arquiteto? Então você não é engenheiro? Com o passar do tempo o arquiteto foi se firmando junto à sociedade e mostrando a importância de sua participação e colaboração na elaboração de projetos para atender a demanda que aumentava cada dia mais. Eis, finalmente o reconhecimento ao trabalho do arquiteto.
07. Como foi a transição da prancheta para o computador, qual foi os ganhos e perdas
para o desenvolvimento da ideia do projeto arquitetônico?
Resumindo:
Ganhos . Maior velocidade na produção e elaboração dos projetos, melhor qualidade nos desenhos, facilidade nas eventuais modificações e correções.
Perdas . Perde-se o domínio visual do projeto como um todo. O arquiteto não precisa ser um grande desenhista com pleno domínio gráfico, o que ocorria na época da prancheta. O importante é que o projeto atinja plenamente ao programa de necessidade do cliente.
08 . Qual a recomendação que você pode deixar para os futuros arquitetos?
Arquitetura pode ser resumida na equação:
Arquitetura=Tecnologia x Arte, que se anula se: arte for=0. Então em sua formação acadêmica o aluno precisa consolidar e fundamentar muito seu conhecimento, pois, toda profissão liberal é exercida somente e apenas com o conhecimento e pleno domínio do assunto proposto.
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Pré Dimensionamento Estrutural
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