Quanto custa um projeto ?

Quanto custa um projeto ?

Quanto custa um projeto ? Esta é uma das primeiras perguntas que as pessoas fazem quando pensam em contratar um arquiteto. Isso acontece por causa do desconhecimento a respeito do exercício desta profissão. A principal forma de calcular o valor do projeto é seguir as tabelas de honorários mínimos disponibilizadas pelas instituições ligadas à categoria.

1) Tabelas de honorários mínimos

São fruto de pesquisas relacionadas com o tempo de desenvolvimento dos projetos, as características dos projetos, os custos da construção civil e os salários mínimos profissionais determinados na lei.

Muito mais que uma norma, a tabela de honorários mínimos constitui uma segurança para o profissional, já que avaliar o valor de um projeto sem nenhuma referência muitas vezes acaba se tornando algo impreciso e o profissional acaba correndo o sério risco de se prejudicar cobrando abaixo do que seria necessário para o desenvolvimento do projeto ou de super-avaliar o custo da execução do projeto.

De forma geral, para consultar as tabelas de honorários mínimos precisamos dos seguintes dados:

– descrição do projeto (arquitetônico residencial, comercial ou institucional, interiores residencial, comercial, institucional, paisagismo, etc);

– área do projeto;

– valor do CUB* referente ao mês anterior;

*Custo Unitário Básico – Índice setorial da indústria da construção civil, calculado pelos parâmetros da Lei 4.591/64 e NBR 12.721/93 da ABNT com  variação mensal, calculado e divulgado pelo SINDUSCON-DF (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal),http://www.sinduscondf.org.br)

Com base na descrição do projeto e da área projetual as tabelas fornecem um índice que deverá ser multiplicado pelo CUB. O valor encontrado nos indicará o valor mínimo que deverá ser cobrado por mde projeto.

É importante observar que além dos arquitetos, os decoradores e designers também possuem tabelas de honorários mínimos fornecidas pelas entidades respectivas e que devem ser seguidas.

2) Mas afinal, quanto vale um projeto?

Como não é um serviço que se contrata com freqüência, a maioria das pessoas se assusta quando recebe uma proposta para desenvolvimento de um projeto arquitetônico. Mas algumas considerações devem ser feitas para ajudar a avaliar o projeto e a qualidade do profissional que se deseja contratar pela coerência que sua proposta deve apresentar:

a)     Existe uma correspondência entre o tempo de desenvolvimento do projeto e o seu valor. Muitos avaliam o projeto arquitetônico com uma correspondência com o próprio salário sem levar em conta, acredito que por desconhecimento, o tempo de desenvolvimento do projeto. Assim, seria coerente um projeto custar R$1.000,00 e durar 3 meses para ser desenvolvido por um bom profissional?

b)     O valor do projeto arquitetônico é proporcional ao valor do imóvel a ser construído ou da valorização que a intervenção irá proporcionar ao imóvel (no caso de reformas e interiores). Assim, na avaliação do valor dos honorários cobrados pelo arquiteto para o desenvolvimento de um projeto residencial devemos observar se tem coerência com o valor patrimonial da construção. Exemplificando, um projeto para uma residência de 1mi não pode custar apenas R$1.000,00 ou um projeto para uma residência de R$100.000,00 não pode custar R$50.000,00.
No caso de reformas, por exemplo, o valor do projeto deve ser coerente com a valorização do imóvel. Se um imóvel irá valorizar R$300.000,00 com a reforma, não será coerente que o projeto custe R$1000,00!

c)      Por fim, o valor do projeto arquitetônico é proporcional ao tempo de duração do imóvel ou da melhoria a ser executada. Assim, caso você queira construir uma residência para morar nos próximos 30 anos será que vale à pena decidir qual profissional contratar pela diferença de valor entre as propostas ou pela qualidade profissional?

Estas considerações ajudam a perceber a qualidade do projeto e o que se esperar/cobrar de um profissional a ser contratado.

3) Cuidados na hora de contratar um profissional

Na maioria das vezes, quem quer contratar um arquiteto acaba consultando algum amigo ou colega e sob indicação procura o profissional para fechar um contrato. A indicação é algo importante mas alguns cuidados devem ser tomados independente de o profissional ter sido indicado ou não.

a)     O barato que sai muito caro

Apesar de existir tabelas de honorários mínimos uma boa parte dos profissionais tem cobrado valores muito abaixo da tabela e em compensação fecham parcerias com empresas fornecedoras dos serviços de forma que, caso o cliente venha a fechar a compra, uma porcentagem do valor da compra é repassado ao profissional que indicou a empresa. Este repasse é chamado de Reserva Técnica (RT).

Não há problema algum na RT desde que a porcentagem de repasse da compra saia do lucro da empresa parceira e não onere em nenhuma forma o bolso do cliente.

Infelizmente muitas empresas aumentam o valor da compra considerando a RT que será repassada ao arquiteto e mais infelizmente ainda é que muitos profissionais têm conhecimento deste fato e aceitam esta situação. Assim, caso o cliente se apresente sozinho ou não informe o arquiteto responsável pelo projeto a empresa acaba fornecendo desconto no valor da RT.

Já aconteceu comigo algumas situações absurdas. Certa vez eu pedi um orçamento em uma empresa para entregar ao meu cliente, quando estava saindo da loja o vendedor me disse que se eu não “chorasse” muito com meu cliente para abaixar o valor da compra eu poderia receber até 10% de RT. No momento ignorei a situação porque já estava convicta de que não indicaria aquela loja ao meu cliente e de que não voltaria mais lá. Já aconteceu também de me perguntarem se eu ia querer a RT para acrescentar no valor do orçamento que seria entregue ao cliente. Imediatamente respondi que podia retirar a RT do orçamento.

Felizmente não são todas as empresas que agem assim. Algumas realmente retiram uma porcentagem do seu faturamento para repassar a quem indicou o seu serviço. É uma forma de retribuir a participação dos profissionais pela divulgação dos serviços. Assim, ir acompanhado ou não do arquiteto a essas lojas não oneram nem aliviam o valor da compra.

Independente de qualquer uma das situações, o fato é que os bons profissionais têm aderido à política de não aceitar RT. Primeiro porque a RT, da forma como está sendo empregada pela maioria das empresas, tem desvalorizado o trabalho dos arquitetos, ferindo a reputação da categoria. Segundo porque é melhor cobrar um valor adequado pelo projeto e deixar o cliente à vontade para pesquisar na hora de contratar os serviços e realizar compras (conforme as especificações, é claro!) do que diminuir o valor do projeto para compensar o ganho com RT, induzindo os clientes a comprarem em lugares específicos.

O cuidado que o cliente deve ter na hora de contratar um profissional é fugir de valores muito baixos, isso é um indicativo de que a execução do projeto pode sair muito mais cara, superando em muito a diferença do profissional mais barato para o mais caro.

b)     Fuja dos contratos verbais e/ou pouco detalhados

Nem precisamos falar sobre os contratos verbais, mas afinal quais são as cláusulas básicas do contrato de prestação de serviços em arquitetura para segurança das duas partes?

– dados do profissional (nome completo, endereço comercial, CPF, CAU e CREA);

– dados do cliente (nome completo, endereço, CPF);

– objeto do contrato (localização e breve descrição do projeto);

– etapas de apresentação (estudo preliminar, anteprojeto, projeto legal, projeto executivo, etc);

– peças técnicas a serem entregues (plantas, detalhes, tabelas, quantitativos, memorial descritivo, etc);

– prazos de entrega das etapas;

– honorários;

– forma pagamento;

– casos de rescisão contratual;

– multas e penalidades pela inobservância das cláusulas;

– etc.

Extraido do site http://fabianebello.wordpress.com/quanto-custa/

da arquiteta Faviane Bello.

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