Construções mutáveis

Construções mutáveis

Paulo Pinhal

Construções mutáveis

A vida contemporânea pede de nós uma série de mudanças, que vão das sociais a comportamentais. Os nossos computadores estão ficando obsoletos, nossos celulares não tem “gps”, ainda temos televisões de tubo, nossa geladeira não tem televisão, nosso carro não tem air bags frontal, lateral e por ai vai.

São tantas mudanças em tão pouco tempo que nos faz refletir sobre os espaços que utilizamos quer seja para habitações ou serviços.

Os materiais preferidos dos brasileiros para construção de suas casas ainda são sólidos, verdadeiras fortalezas que são heranças de nossa colonização portuguesa. Esta preferência se verifica até mesmo em casas populares nas periferias das cidades.

As divisões internas dos ambientes ainda são feitas de tijolos ou blocos, resistentes e sólidas onde definem os espaços que deverão ser utilizados. Em obras nos Estados Unidos e na Europa, já houve uma mudança de comportamento sobre esta solidez interna, onde as paredes de Dry Wall (Gesso acartonado), a cada dia ganha mais força, pois alem de ser um material leve e rápido para a execução, tem a vantagem de proporcionar flexibilidade de alterar o dimensionamento dos espaços de acordo com as necessidades presentes.

Esta flexibilidade de mexer nas paredes sem mexer na estrutura das casas, vai de encontro com as construções mutáveis, pois como é comum hoje em dia ver residências de outrora, se transformando em clinicas médicas, consultórios, lojas, escritórios etc.., adaptando o mobiliário e departamentos nos espaços existentes, onde nem sempre encontramos solução feliz.

Já fui testemunha de um sanitário se transformar em um escritório, uma garagem em área de recepção, área de serviço em arquivo morto e por ai vai.
O arquiteto americano Michael Jantzen criou uma casa que torna constante o conceito de renovação. Trata-se da “M-House”, uma construção mutável, que pode ser reorganizada quando e como o dono quiser.

Erguida na cidade de Gorman, na Califórnia, a casa é formada por uma série de painéis retangulares de aço e concreto que se encaixam. A disposição dos painéis e a composição dos ambientes podem ser manualmente modificadas, assim como as entradas de luz natural. O arquiteto também não se esqueceu da funcionalidade da invenção: há dispositivos para eletricidade e água encanada, recursos que uma casa “normal” deve ter.

Se pensarmos que hoje ficamos enjoados de ficar com o mesmo carro por algum tempo, cansamos dos nossos móveis, dos móveis da cozinha, da maneira como estão arranjados os móveis em nosso dormitório, e de todos os equipamentos que dispomos hoje que em pouco tempo acabam ficando desatualizados. Esta proposta de ter casas que sejam mutáveis não deixa de ser uma idéia tentadora, onde a casa possa ser modificada de acordo com a época do ano, no sentido de aproveitar mais a insolação.

Ainda temos uma grande barreira que é a tradição brasileira de construção, mas acreditamos que em pouco tempo teremos uma mudança comportamental, onde o arquiteto deve estar antenado a esta transformação para que possa propor espaços que sejam mutáveis como nossas vidas.

Fonte:  Colegio de Arquitetos

www.colegiodearquitetos.com.br

www.pinhalarquitetura.com.br

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