Demolir não, Desconstruir sim

Demolir não, Desconstruir sim


Mogi das Cruzes como uma cidade quatrocentona, tem em seu território um grande número de casas que não aguentaram a força do tempo e o próprio crescimento urbano fazendo com que aos poucos fossem transformando em ruínas, ou mesmo sendo demolidas para ser edificado novos prédios, cuja arquitetura é de péssima qualidade.

Este processo continuará, e em cada demolição de um edifício, vai um pouco da história de nossa cidade, que já esta em processo de “conurbação”, o que significa a perda da sua identidade transformando em uma cidade genérica.

Para exemplificar o que estou relatando, em 1996 visitei um bairro comercial no Cairo, Egito, que fiquei surpreso, pois o mesmo parecia o bairro do Brás em São Paulo, só que com propagandas em ideogramas árabes. Um trecho de cidade genérica.

A conurbação é uma epidemia global, onde temos que lutar para que ela aconteça em nossa cidade de maneira controlada, respeitando alguns elementos arquitetônicos que contam a história dos nossos antepassados, respeitando de certa forma nossas tradições.

Os cidadãos devem ser conscientizados da importância deste respeito à  identidade da cidade, pois como já houve estudos da ONU, onde afirmam que quando perdemos as referencias urbana, causam estresse em seus habitantes.

Sugerimos de que quando necessário não deveríamos mais demolir nenhum edifício da cidade e sim desconstrui-lo.

A desconstrução ou demolição seletiva de um edifício é um processo que se caracteriza pelo seu desmantelamento cuidadoso, de modo a possibilitar a recuperação de materiais e componentes da construção, promovendo a sua reutilização e reciclagem.

Este conceito surgiu na Europa, em virtude do rápido crescimento da demolição de edifícios e da evolução das preocupações ambientais da população. A desconstrução abre caminho à valorização e reutilização de elementos e materiais de construção que de outra forma seriam tratados como resíduos sem qualquer valor, e removidos para locais de depósito por vezes não autorizados para esse fim.

Nossas universidades e escolas técnicas existentes na cidade deveriam vem com mais atenção esta sugestão, onde pode ter o envolvimento de vários profissionais que vão de futuros arquitetos, engenheiros civil, engenheiro mecânico, engenheiro químico, biólogos, historiadores e os profissionais da área de meio ambiente.

Na desconstrução como objeto de estudo, é possível entender o processo construtivo da época, e se for o caso criar um registro por meio de maquetes físicas ou eletrônicas da edificação para que possa posteriormente compor a história de nossa cidade.

Com certeza com a desconstrução teríamos diminuição da excessiva produção de resíduos da construção bem como introduziríamos os princípios da sustentabilidade e ecoeficiencia, desenvolvendo soluções construtivas que permitam a aplicação prática viabilizando a construção de edifícios duráveis, adaptáveis, com materiais de menor impacto ambiental e com grande potencialidade de reutilização.

Profissionais da área de construção civil vamos refletir sobre esta sugestão de demolir não, desconstruir sim.

Paulo Pinhal

www.colégiodearquitetos.com.br

www.pinhalarquitetura.com.br

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