Pensando em metro cúbico

Pensando em Metro Cúbico

Paulo Pinhal

Arquiteto e Urbanista

Pensando em metro cúbico

O mundo e o homem são interessantes, pois começamos com o paradoxo da fotografia onde ela apresenta uma imagem bidimensional de um mundo tridimensional. Vemos imagens de pessoas, objetos e naturezas representadas em um plano, mas o nosso olhar consegue perceber a profundidade de quem esta a frente e de quem esta atrás.

Em arquitetura e na construção quase tudo é baseado em metro quadrado, que é a multiplicação de lado vezes lado. Os órgãos públicos estabelecem seus tributos baseados nas metragens quadradas, por exemplo o IPTU, ITR, ISS e outros.

A mão de obra que vai construir o edifício acaba cobrando pelo metro quadrado, o Corretor de imóvel em sua venda fala da metragem quadrada do empreendimento, e é claro o proprietário também se vangloria de ter uma propriedade de tantos metros quadrados.

Os financiamentos das obras pelas Instituições financeiras também estão baseadas em metros quadrados, pois afinal o custo da obra medido pelas entidades que representam o setor da construção e são referencias para os agentes financeiros estabelece um custo por metro quadrado.

Existem até arquitetos que cobram seus projetos por metro quadrado, o que por si só já é um absurdo, tendo visto de que temos projetos arquitetônicos complexos que pedem para que pensemos em pé direito duplo, triplo, equipamentos de infraestrutura como tubulações de ar condicionados, andar técnicos, o conforto ambiental como por exemplo um Hospital, Clinica Médica, Lojas especializadas em determinado tipo de produto, Arquitetura de Interiores, onde não é possível prever tudo que vai acontecer em projeções bidimensionais.

Vivemos em espaços tridimensionais que é lado vezes lado vezes a altura. Quando um arquiteto entra no processo de criação, ele tem que imaginar tanto a circulação horizontal, bem como a circulação vertical, ou seja, ele tem que pensar em 3D, ou em metro cúbico.

Acredito que a origem de ter o metro quadrado tão divulgado e normatizado pela grande massa, se deve ao fato de que desde a adesão das projeções Mongeanas (nada em haver com Mogi, e sim com Gaspard Monge o pai da geometria descritiva), onde por meio de representações ortográficas do tipo Planta, Corte e Elevação, fez com que toda uma geração se acostumasse a ver as projeções de um espaço tridimensional em bidimensional.

Os equipamentos de desenho técnico até alguns anos atrás, antes do CAD, eram: Régua T ou régua paralela, esquadros, compassos, transferidor etc..

Hoje temos a ferramenta da informática, que são possíveis fazer simulações dos espaços, visualizar a obra antes de ela ser construída, deixando visualmente compreensível para quem vai utilizar aqueles espaços que ainda não existem.

Estamos vivendo um novo mundo, onde pede para que o arquiteto projete em 3D, e mostre para os seus clientes de maneira clara, a insolação, a iluminação artificial, a circulação e demais informações que nos desenhos das últimas décadas ficaram obsoletos.

Arquitetos, na hora de projetar vamos pensar em metro cúbico, pois é a maneira correta de pensar em ambientes contemporâneos.

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